Como Lidar com os Impactos na Saúde Mental
Com o ano chegando ao fim, a princípio muitas pessoas começam a refletir sobre o que foi realizado e o que ficou pendente. A sensação de que o tempo passou rápido demais pode ser avassaladora para alguns, gerando principalmente o que os especialistas chamam de “síndrome do fim do ano”. Essa condição não é apenas uma reação emocional passageira; ela está profundamente conectada com a nossa saúde mental, influenciando diretamente nosso bem-estar.
O Que é a Síndrome do Fim do Ano?
A chamada “síndrome do fim do ano” ou “dezembrite” é marcada por uma mistura de emoções que vão da ansiedade à culpa, desencadeadas pela proximidade da virada do ano. Durante esse período, surgem reflexões sobre o que foi conquistado, as metas não atingidas, e os desafios do próximo ano. Além disso, o peso das responsabilidades e o acúmulo de demandas profissionais e pessoais geram uma sobrecarga emocional.
De acordo com a psicóloga Mariana Calasans, “o final do ano representa o fechamento de um ciclo e, com isso, vêm as avaliações do que deu certo ou não. A autocobrança exagerada pode intensificar sentimentos de frustração e ansiedade, criando um impacto significativo na saúde mental.” Esse fenômeno também pode ser potencializado pela pressão social das celebrações de fim de ano, que exigem mais interações e compromissos sociais.
Saúde Mental e o Novo Ciclo
A chegada de um novo ano traz, inevitavelmente, expectativas, e o desejo de alcançar novas metas. O problema surge quando essas expectativas são excessivamente elevadas ou não estão alinhadas com a realidade. A pressão para cumprir essas metas pode criar um ciclo de ansiedade e estresse.
O psiquiatra e presidente do Instituto Ame Sua Mente, Rodrigo Bressan, alerta que “esse é o momento em que a introspecção saudável se transforma em uma autocobrança destrutiva.” Ele sugere que o ideal é refletir sobre o ano que passou com compaixão, validando as conquistas e aceitando que nem tudo está sob nosso controle.
O Impacto no Ambiente de Trabalho
A cultura empresarial, que muitas vezes negligencia a saúde mental dos colaboradores, influencia diretamente a alta taxa de transtornos de ansiedade e casos de depressão no Brasil. O estresse de fim de ano não afeta apenas o plano pessoal; o ambiente de trabalho pode ser um fator determinante. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil tem a maior taxa de transtornos de ansiedade no mundo e ocupa a 5ª posição em casos de depressão.
Andréa S. Regina, diretora-executiva do Instituto Ame Sua Mente, afirma que “muitas organizações ignoram a importância de criar um ambiente de trabalho emocionalmente saudável, o que contribui para a sobrecarga e o aumento do estresse entre os trabalhadores.” Ela ressalta a importância de as empresas implementarem programas de saúde mental para apoiar os colaboradores, especialmente durante o período de fim de ano, que já é naturalmente mais estressante.
O Efeito da Síndrome de Fim de Ano em Crianças e Adolescentes
Embora a “síndrome do fim do ano” afete pessoas de todas as idades, crianças e adolescentes são particularmente vulneráveis. Segundo Andréa S. Regina, “o ciclo de isolamento social imposto pela pandemia afetou de forma mais intensa os jovens, que já estão em um momento delicado de construção de identidade.” Esse isolamento social contribuiu para uma maior incidência de problemas de saúde mental, incluindo depressão e ansiedade.
Rodrigo Bressan destaca que os transtornos mentais em jovens podem se manifestar de forma mais sutil, como perda de interesse nas atividades, irritabilidade e queda no desempenho escolar. “Esses sintomas não devem ser ignorados, e é papel de pais, professores e responsáveis intervir de forma cuidadosa, ajudando a criança ou o adolescente a encontrar apoio psicológico quando necessário.”
Dicas para Lidar com a Síndrome do Fim do Ano
- Valide Seus Sentimentos: Reconheça suas emoções sem julgamentos. É normal sentir-se ansioso ou frustrado, mas é importante lembrar-se de ser gentil consigo mesmo.
- Desacelere a Autocrítica: Evite fazer uma lista interminável de metas inalcançáveis. Seja realista sobre o que você pode controlar e foque no que foi possível realizar.
- Converse Sobre Suas Emoções: Compartilhar seus sentimentos com amigos, familiares ou um profissional pode ajudar a aliviar o peso emocional e trazer novas perspectivas.
- Pratique o Autocuidado: Priorize atividades que promovam ainda mais seu bem-estar, como meditação, exercícios físicos ou hobbies que você aprecia.
- Busque Apoio Profissional: Se os sentimentos de ansiedade e estresse forem persistentes, é importante desde já buscar ajuda psicológica. Ter um profissional capacitado ao seu lado pode fazer toda a diferença.
O Papel das Empresas na Promoção da Saúde Mental
As empresas sobretudo também têm um papel crucial no suporte à saúde mental de seus colaboradores, especialmente em períodos de grande estresse. Criar um ambiente de trabalho acolhedor sobretudo, onde o cuidado emocional é uma prioridade, pode melhorar a produtividade e o bem-estar geral dos funcionários.
Programas de saúde mental, horários flexíveis e um espaço para diálogos abertos são algumas das maneiras pelas quais as organizações podem apoiar seus colaboradores. Como aponta Andrea S. Regina, “ao cuidarem da saúde mental dos funcionários, as empresas não apenas melhoram a qualidade de vida no ambiente de trabalho, mas também contribuem para a sustentabilidade do negócio a longo prazo.”
Conclusão
A síndrome do fim do ano é um fenômeno que nos lembra da importância de cuidar da nossa saúde mental. O término de um ciclo e o início de outro nos desafiam a refletir, mas também nos oferecem a oportunidade de nos preparar para um futuro mais equilibrado. O autocuidado, a validação das emoções e a busca por apoio , tanto pessoal quanto profissional, são fundamentais para atravessarmos esse período de forma saudável.
Portanto, à medida que o ano chega ao fim, lembre-se de que os cuidados com a sua saúde mental são uma prioridade constante, não apenas em dezembro, mas durante todo o ano. E se precisar de um especialista em plano de saúde, é só clicar aqui.
Referências:
- Organização Mundial da Saúde (OMS). Transtornos de ansiedade e depressão no Brasil. Disponível em: [link para a referência].
- Bressan, R., & Regina, A. S. (2023). Saúde mental e desafios emocionais no final do ano. Instituto Ame Sua Mente.