Dia Internacional Contra a Discriminação Racial: é hora de combater o racismo velado no Brasil

No Dia Internacional Contra a Discriminação Racial, celebrado em 21 de março, mais do que nunca, é preciso ir além das postagens nas redes sociais e dos discursos politicamente corretos. É hora de encarar o racismo estrutural e velado que persiste no Brasil, especialmente em espaços de poder, no mercado de trabalho e na mídia esportiva.

O racismo no Brasil raramente se apresenta de forma escancarada. Ele se disfarça, se esconde nas entrelinhas, nas piadas, nos “comentários inofensivos” e, principalmente, nas estruturas que silenciam, excluem e bloqueiam o avanço de pessoas negras.

Racismo Velado no Brasil: A ausência de negros em cargos de liderança nas empresas

Apesar de mais da metade da população brasileira se declarar preta ou parda, essa representatividade simplesmente não existe nas diretorias e presidências das empresas. Um estudo do Instituto Ethos mostra que menos de 5% dos cargos de liderança nas 500 maiores empresas do Brasil são ocupados por pessoas negras. Isso não é coincidência — é reflexo direto do racismo estrutural, que impede o crescimento profissional de milhares de talentos negros todos os anos.

E não adianta dizer que não existem pessoas negras qualificadas. Existem sim — o que falta é oportunidade, abertura e disposição das empresas para corrigir essa injustiça histórica.

Racismo Velado no Brasil: Racismo na mídia esportiva: a exclusão que salta aos olhos

Basta ligar a TV, acessar um portal de esportes ou ouvir um programa esportivo de rádio: onde estão os comentaristas e jornalistas negros? Canais influentes como UOL, Jovem Pan Esportes, Placar e outros ainda mantêm redações majoritariamente brancas, enquanto pautas raciais seguem sendo tratadas com descaso ou superficialidade. Apenas quando surge um fato específico no esporte que os “comentaristas”se mostram indignados, mas não colocam pretos para comentar nos programas. É o puros suco da hipocrisia!

Essa ausência é mais um sinal claro de que o racismo velado impede que vozes negras sejam ouvidas, mesmo em um país onde os maiores ídolos esportivos são, em sua maioria, negros.

Racismo Velado no Brasil: Futebol e racismo: uma ferida aberta

O futebol, paixão nacional, infelizmente também é um reflexo cruel do racismo na sociedade. O caso de Vinícius Júnior, jogador do Real Madrid, é emblemático. O atacante brasileiro tem sido perseguido por torcedores racistas em diversos estádios da Espanha, sendo alvo de insultos, gestos e gritos comparando-o a macacos. E o que acontece? Pouco ou nada. As punições são tímidas e as autoridades esportivas continuam tratando o caso com indiferença.

Mais recentemente, durante um jogo da Conmebol, o jogador Luigi, do Palmeiras, foi alvo de xingamentos racistas. Em vez de uma postura firme, o que se ouviu foi uma declaração lamentável do presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, que afirmou que “a Libertadores sem brasileiros é como o Tarzan sem a Chita” — uma fala racista, infeliz e completamente inaceitável em qualquer contexto.

Expressões racistas que ainda são “naturalizadas”

O racismo também se esconde na linguagem do dia a dia. Expressões como:

  • “A coisa tá preta” (como se preto fosse sinônimo de problema),
  • “Caixa preta” (como algo misterioso e perigoso),
  • “Inveja branca” (como se a inveja “branca” fosse mais leve ou aceitável),
  • Entre outras frases carregadas de preconceito, precisam ser revistas, questionadas e eliminadas. A linguagem constrói a realidade, e manter essas expressões em circulação só reforça estereótipos nocivos.

A hipocrisia do racismo seletivo

Talvez uma das maiores barreiras no combate ao racismo seja a hipocrisia disfarçada de “neutralidade”. Quantas vezes ouvimos a clássica frase:
“Eu não sou racista, tenho até um amigo preto”?

Essa tentativa de se blindar por meio de relações pontuais com pessoas negras não apaga atitudes racistas ou o silêncio cúmplice diante da exclusão. Ser antirracista não é sobre ter amigos negros. É sobre lutar ativamente contra todas as formas de discriminação, inclusive as que nos beneficiam ou nos parecem “normais”.

O combate é diário. A mudança é urgente.

O Dia Internacional Contra a Discriminação Racial não é apenas uma data simbólica; pelo contrário, é um verdadeiro chamado à ação. Afinal, não podemos mais aceitar o racismo camuflado em piadas, omissões e estruturas de poder. Portanto, a mudança começa com:

  • Empresas que revisam seus processos e promovem inclusão real;
  • Mídias que abrem espaço para vozes negras e investem em diversidade;
  • Torcedores e atletas que se posicionam com firmeza contra o preconceito;
  • Sociedade que reconhece seus erros e constrói um futuro mais justo.

Enquanto houver racismo, não haverá igualdade. E enquanto houver silêncio, a injustiça seguirá reinando. Não basta não ser racista. É preciso ser ativamente antirracista.

Na Help Corretora, temos profissionais de todas as etnias para atender você. Precisa de uma cotação de Plano de Saúde? 👉🏼 Clique aqui e fale com nossos especialistas

Racismo Velado no Brasil: A Hipocrisia da Discriminação Racial nas Empresas, Mídia e Futebol

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

WhatsApp